Um novo olhar sobre os esgotos

Somos uma Rede de pesquisa para o monitoramento de bactérias resistentes a antibióticos e
de genes de resistência aos antimicrobianos no esgoto de cidades brasileiras

O estudo da Resistência
Antimicrobiana (RAM)

A contenção da disseminação da resistência antimicrobiana (RAM) é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um dos maiores desafios enfrentados atualmente pela humanidade. A OMS e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA destacam a RAM como uma crise global e catástrofe iminente para um retorno à era pré-antibiótica. Dentre as formas de controle da disseminação da resistência antimicrobiana está a vigilância, além da educação comunitária e da prescrição correta de medicamentos.

Tradicionalmente, a vigilância da RAM se concentra no monitoramento de alguns micro-organismos tendo como base relatórios gerados por laboratórios, nos quais são identificados patógenos específicos e isolados de infecções clínicas humanas. Este tipo de vigilância, embora importante, possui limitações relacionadas, por exemplo, à heterogeneidade da qualidade e quantidade dos dados gerados. Além disso, há limitações relacionadas à população amostrada, visto que este monitoramento tem como alvo indivíduos hospitalizados.

A Epidemiologia Baseada
nos Esgotos (EBE)

A epidemiologia baseada nos esgotos (EBE ou WBE, do inglês wastewater-based epidemiology) é uma abordagem investigativa para analisar indicadores químicos e biológicos em esgotos com o objetivo de avaliar tendências de consumo, exposição e carga de doenças no nível da população. Os sistemas de esgoto são reservatórios de substâncias excretadas pelo homem, incluindo substâncias consumidas (por exemplo, drogas ilícitas e produtos farmacêuticos) e fragmentos genéticos de bactérias e vírus de pessoas infectadas, particularmente de condições respiratórias, gastrointestinais e exantemáticas que são mais facilmente excretadas, como Influenza A e B (IAV e IBV), Vírus Sincicial Respiratório (VSR), Adenovírus humano (hAdV) e Sarampo, sendo bastante aplicável a patógenos emergentes/reemergentes como Poliovírus, SARS-CoV-2, Varíola dos Macacos/Monkeypox, entre outros.

A EBE apresenta um grande potencial de aplicação em saúde pública, podendo também ser integrado a diversos outros indicadores, como vigilância laboratorial e molecular a partir de amostras ambientais, zoonóticas e clínicas. Desde 2005, a WBE tem sido utilizada no monitoramento de medicamentos e vigilância de agentes patogênicos, inclusive de multirresistência antimicrobiana. Com o advento da pandemia de SARS-CoV-2, a estratégia foi efetivamente aplicada em várias partes do mundo para complementar ações de vigilância sanitária, contribuindo em processos de tomadas de decisões.

A EBE oferece diversas vantagens estratégicas, primariamente porque a análise de esgotos engloba a testagem de milhares de indivíduos potencialmente infectados ao mesmo tempo e com potencial de maximizar a detecção de um sinal e a identificação de focos de infecção antes da vigilância sindrômica. Em segundo lugar, porque permite verificar-se tendências na disseminação de patógenos, considerando-se parâmetros de espaço-tempo, a partir de indivíduos sintomáticos, mas também de indivíduos assintomáticos, pré-sintomáticos e pós-sintomáticos.

Sobre o ReViRAE

A Rede de pesquisa para o monitoramento de bactérias resistentes a antibióticos e de genes de resistência aos antimicrobianos no esgoto de cidades brasileiras (ReViRAE) foi concebida com o objetivo de criar uma rede de pesquisa para a vigilância de bactérias e genes de resistência aos antimicrobianos a partir do esgoto de dez capitais brasileiras distribuídas nas cinco regiões do país, contribuindo diretamente para a construção do Programa Nacional de Vigilância Baseada no Esgoto, que será liderado pelo Ministério da Saúde.

Como esse monitoramento ajuda
a Saúde Única?

Será monitorado o esgoto afluente às principais Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) das cidades integrantes da Rede, bem como o esgoto de hospitais de referência em doenças infecciosas. O monitoramento terá como foco a identificação de Enteropatógenos resistentes a antimicrobianos, elencados pela OMS e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) como prioritários, incluindo Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli. Ademais, serão pesquisados, por meio de metagenômica, os genes de resistência a antimicrobianos no esgoto, bem como o resistoma dos principais patógenos isolados por meio do sequenciamento genômico completo.

As informações geradas neste projeto serão utilizadas pelos profissionais e autoridades do setor de saúde, a fim de orientar medidas de controle da disseminação da resistência antimicrobiana.

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